sábado, 21 de janeiro de 2017

The OA: estranheza e sensibilidade

Por Dora Carvalho


Após sete anos desaparecida, a jovem Prairie reaparece em um video compartilhado pela internet. A volta gera ainda mais mistério, já que a protagonista da história ressurge com novas e inexplicáveis capacidades físicas. Esse é o ponto de partida de The OA, uma das mais surpreendentes séries lançadas recentemente pelo Netflix.
A primeira temporada tem oito episódios que vai desenrolando a trama de mistério de maneira a prender o espectador de tal forma que fica impossível não assistir a série em maratona. Cada fim de episódio gera uma nova pergunta e ainda mais mistérios.
Brit Marling (Prairie), além de protagonizar The OA, é responsável pelo roteiro e produção. A interpretação da atriz é sem dúvida o maior destaque da trama e uma surpresa. A sensibilidade da direção de Zal Batmanglij se une a uma construção muito bem feita dos personagens, que vão revelando seus dramas sem a necessidade de muitas explicações. Tudo é a partir do ponto de vista da protagonista, entretanto, o enredo se torna de certa forma caleidoscópico porque há conexão entre acontecimentos do passado e futuro e os personagens, apesar de muito diferentes entre si, vão ganhando ressonância.
Ao assistir, o espectador pode tentar enquadrar The OA em algum gênero, mas a trama reúne mistério, ficção científica e discussões de filosofia e dramas existenciais. Aliás, tentar classificar a trama é inútil, pois a proposta é realmente causar estranheza.
Os serviços de streaming, com uma variada gama de produções próprias, abriram a possibilidade de atores, produtores e diretores oferecerem enredos sem muita preocupação com grades de horário e faixas etária de público, afinal, quem define tudo isso são os assinantes. Não à toa, vemos séries como Stranger Things, que fazem referência aos anos 80 e Steven Spielberg, conquistar o público. Se fosse para reverenciar algum diretor da velha guarda, The OA estaria mais próxima da estranheza provocada por Twin Peaks (1990/1991) de David Linch, que, é bom lembrar, terá continuação neste ano.
The OA, que também tem a assinatura de produção de Brad Pitt e já tem segunda temporada definida, é uma série para experimentações televisivas, de ampliação das possibilidades estéticas para a TV e o público tem a oportunidade de assistir com calma uma produção com a sensibilidade do cinema, mas com a reflexão necessária de um livro. Mas daqueles que a gente só larga quando lê a última página.










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