Por Dora Carvalho
Após sete
anos desaparecida, a jovem Prairie reaparece em um video compartilhado pela
internet. A volta gera ainda mais mistério, já que a protagonista da
história ressurge com novas e inexplicáveis capacidades físicas. Esse é o ponto
de partida de The OA, uma das mais surpreendentes séries lançadas recentemente
pelo Netflix.
A primeira
temporada tem oito episódios que vai desenrolando a trama de mistério de
maneira a prender o espectador de tal forma que fica impossível não assistir a
série em maratona. Cada fim de episódio gera uma nova pergunta e ainda mais
mistérios.
Brit
Marling (Prairie), além de protagonizar The OA, é responsável pelo roteiro e
produção. A interpretação da atriz é sem dúvida o maior destaque da trama e uma
surpresa. A sensibilidade da direção de Zal Batmanglij se une a uma construção
muito bem feita dos personagens, que vão revelando seus dramas sem a
necessidade de muitas explicações. Tudo é a partir do ponto de vista da
protagonista, entretanto, o enredo se torna de certa forma caleidoscópico
porque há conexão entre acontecimentos do passado e futuro e os personagens,
apesar de muito diferentes entre si, vão ganhando ressonância.
Ao
assistir, o espectador pode tentar enquadrar The OA em algum gênero, mas a
trama reúne mistério, ficção científica e discussões de filosofia e dramas
existenciais. Aliás, tentar classificar a trama é inútil, pois a proposta é
realmente causar estranheza.
Os serviços
de streaming, com uma variada gama de produções próprias, abriram a
possibilidade de atores, produtores e diretores oferecerem enredos sem muita
preocupação com grades de horário e faixas etária de público, afinal, quem
define tudo isso são os assinantes. Não à toa, vemos séries como Stranger
Things, que fazem referência aos anos 80 e Steven Spielberg, conquistar o público. Se fosse para reverenciar algum diretor da velha guarda, The OA estaria mais próxima da estranheza provocada por Twin Peaks (1990/1991) de
David Linch, que, é bom lembrar, terá continuação neste ano.
The OA, que também tem a assinatura de produção de Brad Pitt e já tem segunda temporada definida, é
uma série para experimentações televisivas, de ampliação das possibilidades estéticas
para a TV e o público tem a oportunidade de assistir com calma uma produção com
a sensibilidade do cinema, mas com a reflexão necessária de um livro. Mas
daqueles que a gente só larga quando lê a última página.
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