Por Vilma Pavani
Ela é agressiva, até meio grossa às vezes, mal
resolvida em seus relacionamentos –
tanto pessoais como profissionais – fuma feito uma chaminé, não gosta de ser
criticada e toma decisões impulsivamente, o que a leva a cometer vários erros.
Mas também é inteligente, perspicaz, leal aos amigos e, em especial, aos seus
alunos, com os quais se compromete profundamente. Essa é Rita, a professora
politicamente incorreta da
série dinamarquesa de mesmo nome. A série foi lançada em 2012 pelo canal
dinamarquês TV2 e fez o maior sucesso no país. Ao mesmo tempo, tornou-se uma
das produções estrangeiras mais populares entre os assinantes americanos do
Netflix, e por conta disso o site de streaming decidiu ser o coprodutor da
terceira temporada. Sem o Netflix provavelmente a série seria encerrada na
segunda temporada, o que de todo modo não lhe tiraria os méritos e nem o
sentido. Mas é tão boa de ver que valeria até continuar uma temporada mais.
A personagem central é Rita Madsen (Mille Dinesen, ótima na pele da personagem), uma
professora de escola primária que luta para criar sozinha seus três filhos
adolescentes e para quebrar a burocracia do sistema escolar. É interessante
notar que apesar de se passar em Copenhague e com todas as enormes diferenças
culturais e econômicas, os problemas enfrentados na escola têm muito em comum
com qualquer escola de qualquer país, como a desmotivação de parte dos alunos,
o bullying entre colegas e sobre os professores, gravidez adolescente,
homossexualidade, preconceito de classes e contra imigrantes, drogas etc. E
embora Rita seja de longe a pessoa mais interessante da série, vários
personagens crescem e se sobressaem ao longo dos episódios, como a idealista e
inexperiente professora Hjordis ou Jeppe, o filho mais jovem e gay de Rita.
Ora engraçada, ora séria, ora pungente, a
história se desenrola com facilidade e em dois ou três capítulos a gente se
deixa seduzir por ela. E
Rita, sem dúvida, com todos os seus erros e acertos, é a professora que
gostaríamos de ser, ou de ter tido,
ou que cuidasse de nossos filhos. Vale a pena assistir.