domingo, 4 de setembro de 2016

Star Trek: vida longa e próspera

Por Dora Carvalho

Poucos filmes ganham de fato uma experiência de cinema diferente com a tecnologia 3D. A sensação de profundidade das cenas e “mergulho” na estória prometida nem sempre é tão significativa. A exceção é Star Trek – Sem fronteiras (2016). A franquia é, sem dúvida, uma das poucas hoje em dia que não dá para dizer que vai esperar para ver na televisão, já que uma das marcas registradas do enredo é sempre alternar as cenas de ação com a amplitude dos cenários interestelares, sempre tão bem construídos, com imagens de nebulosas, galáxias, órbitas de planetas e estações orbitais fascinantes e realistas. Só a tela grande pode oferecer toda a beleza produzida (é lógico que um fã não vai deixar de ver também na telinha).
O diretor Justin Lin, que ficou conhecido pela direção de alguns episódios de Velozes e Furiosos, deu a Star Trek – Sem Fronteiras um pouco mais de ação do que costumamos ver na trama e o roteiro tem menos diálogos a respeito de conexão entre povos interplanetários, pacifismo e a necessidade da raça humana se considerar dona do universo ou superior. Desta vez, o longa tem um clima mais vertiginoso, com mais tiros, velocidade e pancadaria. Alguns podem criticar o longa por isso. Porém, há um ganho em trazer um tom mais nostálgico e referências mais diretas aos episódios clássicos da saga. Clima esse que vem de J.J Abrams, que assina a produção do filme e tem a particularidade de tentar agradar o público dos clássicos dos anos 70 e 80 e ainda atrair novos fãs, assim como tem feito com Star Wars.
A USS Enterprise neste décimo terceiro filme da trama tem a missão de resgatar uma tripulação amiga que está perdida em uma nébula muito distante e desconhecida. Capitão James T. Kirk (Chris Pine) segue junto com Spock (Zachary Quinto) e Leonard McCoy (Karl Urban) em resgate e lá acaba tendo a nave destruída e são obrigados a abandoná-la, caindo em um planeta desconhecido. Tudo não passa de uma armadilha de um inimigo da Federação Unida dos Planetas. E, então, começa o que os fãs mais ardorosos da trama adoram: propulsores de dobra no tempo são ativados, personagens são teletransportados de um lugar a outro por meio de dispositivos não muito diferentes de um telefone celular e abre-se um mundo de tecnologia ultra-avançada que agora nos parece muito mais possível do que quando a saga estreou em 1966. E as condições da Física ilustradas por Albert Einstein - espaço-tempo, energia, luz e gravidade - tornam-se conceitos deliciosamente simples.
Apenas uma ressalva. O vilão Krall, interpretado pelo excelente ator Idris Elba, poderia ter brilhado mais e ter tido mais espaço no roteiro, assim como aconteceu com Benedict Cumberbatch em Star Trek – Além da Escuridão (2013). Talvez por isso o longa tenha perdido um pouco o tom mais filosófico, uma das marcas do enredo, já que não teve um peso maior para o conflito vivido pelo inimigo.

Mas, com a estreia da série Star Trek: Discovery no Netflix no ano que vem, abre-se novas possibilidades para futuros longas. Por mim, poderia ter um filme todo ano. Enquanto isso, o Netflix disponibiliza aos poucos os 727 episódios da série de TV, desde o clássico de 1966. Os filmes do reboot também já estão no serviço de streaming. Já são 50 anos de lançamento da franquia. Como diria um vulcano, vida longa e próspera.






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