domingo, 11 de setembro de 2016

Café Society: o bom e velho Woody Allen

Por Dora Carvalho

Quando os primeiros acordes de jazz tocam nos créditos de abertura, a sensação de conforto é instantânea: enfim, um filme de Woody Allen para nos trazer o prazer de um bom enredo, cinema de primeira linha e um misto de comédia e melancólia. E Café Society reúne o melhor do cineasta: uma homenagem explícita ao cinema de antigamente, os áureos anos 30, com o glamour dos artistas da época, as festas de gala, regadas à espumantes e um brilho cinematográfico que há muito se perdeu. Allen também faz autorreferências através do personagem de Bobby Dorfman, interpretado de forma excelente por Jesse Einsenberg e quase vemos o próprio diretor na pele do ator. Tem também o humor que vai se sobrepondo em diálogos frenéticos: piscou e logo já vem outra piada mordaz. E ainda a sátira ao modo de vida de quem estava envolvido com o mundo hollywoodiano nos primórdios dos blockbusters. Quando pensamos que para por aí, o velho e bom Woody Allen recria quase que um Grande Gatsby na Nova York dos anos 30 e, é claro, desfila as paisagens da cidade e demonstra todo o amor que tem pelos cenários nova-iorquinos e sempre tão fotogênicos e encantadores nas lentes do diretor.
Muitos podem dizer que não é Woody Allen em sua melhor forma. Mas como não amar perceber a mão do cineasta em atores sofríveis e arrancar deles o melhor que podem fazer, como é o caso da atriz Kristen Stewart. Jesse Eisenberg está excelente, mas fica melhor ainda do lado da família judia – um ator melhor que o outro e Allen perfeitamente à vontade para escrever diálogos satíricos em referência às próprias origens familiares. Ben Dorfman, vivido por Corey Stoll, que fez Ernest Hemingway em Meia-noite em Paris, volta a trabalhar com o diretor em Café Society em um personagem sensacional: um gângster super estereotipado, mas extremamente engraçado. Jeannie Berlin faz a típica mãe judia Rose e está hilária. Steve Carrell é Phil Dorfman, um agente das estrelas de Hollywood, personagem que faz a costura do enredo, já que a trama se alterna entre a California e New York ao longo do filme.

Café Society é o primeiro filme do diretor com financiamento feito pela Amazon Studios, braço da Amazon.com, que tem escolhido grandes diretores em suas primeiras investidas na tela grande. Mas, qualquer que seja a motivação para fazer o filme, Woody Allen acerta a mão e nos ajuda simplesmente a nos apaixonar ainda mais pelo mundo do cinema.






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