sexta-feira, 1 de julho de 2016

River: segure o fôlego e assista em maratona

Por Dora Carvalho

A série britânica River é daquelas de assistir de um só fôlego. É como um daqueles livros que só largamos após a última linha da história. A produção também é prova de que a TV, cada vez mais, consegue alcançar a literatura, não só pelo enredo, mas pelo que consegue provocar no espectador. A escolha de um ator com o brilhantismo de Stellan Skarsgård (Thor/Melancolia) indica que não há mais separação entre produções televisivas e cinema de altíssimo nível de qualidade. E os atores sabem muito bem disso e quem ganha somos nós.
Skarsgård é o policial John River, detetive da divisão de crimes violentos e homicídios da polícia londrina. Logo no início da trama comete um terrível erro. Todos que estão no entorno do personagem vão cobrar reparação, inclusive os mortos.
A chave da trama é apresentada para o público logo nos primeiros 20 minutos do episódio 1. A série tem seis capítulos de pouco mais de 50 minutos cada, com um ritmo que se desenrola sem a menor necessidade de pressa. É nítido que a atuação de Skarsgård contribui para o desenvolvimento do enredo. O ator praticamente faz com que o telespectador sinta o que ele está sentindo, característica principal de boas obras literárias. A série alcança esse triunfo sem a menor dificuldade, dada a qualidade também dos atores que estão no entorno do protagonista. Há um detalhe que parece pequeno à primeira vista, mas determinante para o envolvimento da audiência: os atores são comuns, sem maquiagem ou aparência impecável e heróica. Todos têm a expressão cansada e convicta de policiais exercendo o ofício madrugadas adentro, com jeito de quem se alimenta apenas de comida ruim de fast-food e café de máquina. E é isso que nos faz ter grande identificação com os dramas apresentados, pois são pessoas como qualquer um de nós.
A série foi escrita por Abi Morgan, responsável também pela excelente The Hour. Prepara-se para diálogos impecáveis em densidade, clareza e referências a outras obras de cinema, TV, literatura e música. É um flerte do noir com o sobrenatural. A produção é da BBC One e veiculada internacionalmente pelo Netflix.
River tem começo, meio e fim, porém, discussões suficientes para dar um certo “bug” cerebral. O mais importante é que ela permanece e perturba nossos pensamentos um bom tempo após o término. O enredo se fecha, mas, antes disso, o espectador já mergulhou na história e não tem mais como sair dela.







Um comentário:

  1. Acabei de assistir, realmente fiquei perplexa com o desenrolar da trama e, principalmente a atuação do protagonista, as cenas finais são memoráveis, dá um nó no estômago de tão emocionante! Sabia que não me arrependeria de seguir sua dica Dora.
    Luciene M. Nascimento.

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