domingo, 29 de novembro de 2015

Victor Frankenstein antes do monstro

Por Dora Carvalho

O livro Frankenstein, da escritora britânica Mary Shelley, é um dos romances mais bonitos e ao mesmo tempo um dos mais assustadores da literatura ocidental. Vários diretores e roteiristas adaptaram a história para a tela grande e para a telinha, mas a complexidade da obra dificulta a transposição de todas as nuances do enredo. Resta então criar a própria versão, como é o caso de Victor Frankenstein (2015), que conta a trajetória do criador antes da criatura. Então, se você espera ver nas telas algo próximo do livro, esqueça.
Dirigido por Paul McGuigan, que tem no currículo a direção de episódios de várias séries de TV, como Sherlock, Scandal, e filmes de menor expressão, Victor Frankenstein tem como trunfo a presença de atores conhecidos como protagonistas. O roteiro é assinado por Max Landis, que neste ano também está a frente de American Ultra (2015).
Daniel Radcliffe parece cada vez mais se descolar da figura do bruxinho Harry Potter e o ator James McAvoy, no papel do personagem-título, vem transitando por diversos papéis de filmes de ação e neste mostra uma faceta mais visceral e de loucura, bem próximo da personalidade do personagem criado por Mary Shelley.
A história é contada a partir do ponto de vista de Igor Straussman (Radcliffe), um palhaço de circo corcunda, maltratado nas apresentações circenses, que acaba sendo resgatado por Victor Frankenstein. As cenas de fuga e perseguição são vertiginosas e logo dão o tom do filme. Igor, apesar de viver praticamente nas jaulas do circo, gosta de medicina e aprendeu sozinho anatomia e técnicas cirúrgicas. Esse fato chama a atenção de Victor Frankenstein, logo após Igor salvar a vida da acrobata Lorelei (Jessica Brown-Findlay, de Downton Abbey), com uma inusitada técnica cirúrgica. Victor percebe então que o rapaz pode atender seus propósitos de criação de vida após a morte.
O filme é um daqueles que costuma agradar mais o público do que a crítica especializada, que torceu o nariz para a produção. Trilha sonora, figurino, cenários e ambientação na Londres vitoriana estão impecáveis. No elenco, ainda tem a presença de ótimos atores, como Charles Dance (Tywin Lannister/Guerra dos Tronos), Andrew Scott (Spectre e Sherlock). E se você prestar muita atenção, perceberá que Mark Gatiss (o Mycroft em Sherlock) faz uma pequena participação.

O enredo tende a certos momentos para o exagero, mas nada que estrague a diversão, se o espectador não for muito exigente. Boa sessão da tarde para o período de férias que está chegando. 




sábado, 21 de novembro de 2015

Clássicos da literatura no cinema e nos HQs

Por Dora Carvalho

Boas histórias ultrapassam os limites dos textos e dos livros e transpõem plataformas, ganhando nova vida na tela grande, na TV, nos games e principalmente nos quadrinhos. Os HQs brincam com diversos gêneros literários e fazem uma deliciosa mistura pop capaz de agradar os mais variados públicos como é o caso da coletânea da HQs "Cinema Disney", que acaba de ser lançada pela Editora Abril e faz um exercício de metalinguagem, mesclando cinema, literatura e quadrinhos.
Em formato de livro em capa dura, a publicação reúne oito histórias que homenageiam clássicos da literatura e do cinema, mas com um toque de alegria dos personagens da Disney. Logo na abertura, "Moby Dick", de Herman Melville, com Tio Patinhas na pele do capitão Ahab, vivido por Gregory Peck na telona em 1956.  Minnie e Mickey parodiam Humphrey Bogart e Ingrid Bergman em Casablanca (1942). Federico Fellini também ganha uma homenagem com A estrada da vida (1954) e A doce vida (1960). Pateta faz o professor Van Helsing (interpretado por Anthony Hopkins em Drácula de Bram Stoker) e Mickey é "Drácula de Bram Ratoker". Destaque também para "Destino" (veja trailer abaixo), filme de animação iniciado em 1945 por Salvador Dalí e finalizado em 2003 pelos estúdios Disney - nos quadrinhos ganhou o título "A viagem surreal pelo destino".

São oito histórias em ilustrações lindíssimas – coloridas, aquarelas, preto e branco e quadrinhos tradicionais, mas que, sem dúvida, vão agradar adultos e crianças, porque bons filmes e livros clássicos são eternos.




sábado, 14 de novembro de 2015

007 – Contra Spectre: eletrizante e realista

Por Dora Carvalho

Pode ser a última vez que Sam Mendes esteja a frente da direção de um longa da franquia 007 e que o ator Daniel Craig atue na pele de James Bond. Então, fico imaginando o desafio de futuros atores e diretores para ultrapassar 007 - Contra Spectre. Não apenas em razão do sucesso de bilheterias, mas também pelo fato de o enredo estar cada vez mais conectado com a realidade de um mundo em que os serviços de inteligência das potências globais não conseguem conter o avanço ataques terroristas, tráfico de armamento, bombas e a influência de criminosos no sistema político de nações em conflito.
Apesar de conectado com a trama de Casino Royale (2006), Quantum of Solace (2008) e Skyfall (2012), Spectre deixa um pouco de lado a fórmula comum aos filmes da saga para ficar mais próximo da dureza dos nossos tempos e confronta o fato de que há muita hipocrisia de todos os lados quando se fala em guerra ao terror. Bilhões de dólares são investidos em um pseudo e ilusório sistema de segurança global, conta o enredo do filme, com o intuito de monitorar todas as ações dos países mais ricos do mundo e a atuação dos sistemas de inteligência com o objetivo de evitar falhas. Mas há quem isso realmente interessa?, questiona a trama do longa.
Mas como um filme de James Bond não pode deixar de ter muita ação, o agente da rainha vai à Cidade do México para eliminar Marco Sciarra, um negociador de armas conectado a uma organização secreta – mistério esse que vem sendo desenhado desde Casino Royale e foi muito bem amarrado em Spectre. Os primeiros dez minutos do filme se passam na Festa dos Mortos, um incrível desfile de pessoas fantasiadas de caveiras e criaturas de outro mundo. 
Quem não viu o filme ainda, prepare-se para ficar pelo menos dez minutos sem piscar, já que a sequência de ação já pode ser considerada a mais eletrizante da história da saga e também a mais bonita, dada a riqueza das alegorias dos festejos, elevando o filme a um padrão estético nunca visto.
Tudo leva Bond a encontrar o grande vilão do longa – Franz Oberhauser, vivido por Christopher Waltz que, mais uma vez, parece passear em cena. Não canso de dizer o quanto esse ator é bom e, para mim, é um dos melhores vilões da saga até agora. Por falar em atores, uma das principais qualidades de Spectre está justamente na escolha do elenco que, além de muito afinado, quebra muito o padrão de bond girls glamurosas, porém, insossas. As atrizes Lea Seydoux e Monica Belucci são lindas, mas estão longe de representar apenas o papel da mocinha em apuros. É preciso também falar de Ralph Fiennes que assume agora o papel de “M”. Já disse aqui no blog que fiquei triste quando Judi Dench não podia mais fazer parte da trama, já que adoro essa atriz. Mas quando soube que Fiennes faria a substituição não tive dúvidas de que os produtores não estavam brincando com os fãs. E, no final das contas, a atriz nem ficou tão de for a assim da trama… (vou evitar spoilers). 

Quem é fã da saga, espere muita diversão bem de acordo com a fórmula de sucesso da franquia 007, mas com muito mais ação e um surpreendente toque de humor, vindos principalmente de Craig e dos atores do entorno da trama central. Apenas um ponto negativo: a música tema (Writing's on the Wall), interpretada pelo cantor Sam Smith, não me pareceu tão envolvente. 
Esse é 24° longa da cinessérie e o quarto protagonizado por Daniel Craig. O ator é o sexto James Bond da história e ainda não há confirmação se vai continuar ou não. Espero que sim, já que Roger Moore, por exemplo, fez cinco filmes. Mas, antes, uma nova batalha está por vir. Qual estúdio vai assumir a franquia? O contrato com a Sony, que investiu US$ 400 milhões só em Spectre, termina com esse último longa e a Warner deve entrar na disputa. Em todo o mundo, Spectre já bateu recordes de bilheterias. Resta saber se vai atingir o sucesso de Skyfall, o primeiro filme da saga 007 a ultrapassar a casa de US$ 1 bilhão em arrecadação global. Apesar das negativas, a minha torcida é pelo “fica Daniel Craig!”.

O site oficial do filme está cheio de informações sobre Spectre. Vale a pena visitar e entrar no mundo de James Bond. 
http://www.007.com/







sábado, 7 de novembro de 2015

Sherlock: A noiva abominável

Por Dora Carvalho

Quem é fã de Sherlock (BBC) sabe a agonia que está sendo esperar mais episódios de uma das mais incríveis séries dos últimos anos. O roteiro que desloca a história para os nossos tempos, os diálogos mordazes, as viradas do enredo, a linguagem visual, o talento sensacional de Benedict Cumberbatch – o melhor Sherlock Holmes de todos os tempos – e a afinação com Martin Freeman (com todo humor britânico necessário para o papel) não deixam dúvidas sobre o cuidado com a qualidade do seriado. O único porém é que tanto zelo resulta em uma longa espera entre uma temporada e outra. A expectativa, porém, deve ser amenizada no início de 2016 com a estreia do especial “A noiva abominável”, que será transmitida pela BBC na Inglaterra e PBS nos Estados Unidos e em salas de “cinemas selecionadas”. Medo dessa ressalva, já que só nos resta saber quais e se vai chegar ao Brasil junto com outros países.
A série – produzida e criada por Steven Moffat (Doctor Who) e Mark Gatiss (Being Human) – já tem três temporadas, sendo que a última foi ao ar no início de 2014 e a quarta, após muitos rumores, deve estrear só em 2017! Os produtores já afirmaram em entrevistas que esses são os episódios mais difíceis e perturbadores de todos.
Já A noiva abominável deverá ser uma clássica aventura de Sherlock Holmes. O enredo se passa na Inglaterra vitoriana, com toques fantasmagóricos, bem mais próximo da narrativa original do criador do personagem – Sir Arthur Conan Doyle. Os primeiros trailers e teasers foram divulgados nas últimas duas semanas e já deixaram os fãs especulando quando o especial vai passar no Brasil.

Quem ainda não assistiu nenhuma temporada de Sherlock, corra! Pelo menos terá a vantagem de assistir de maratona, sem ter que esperar novos episódios. E antes que me perguntem: meu episódio favorito é “O escândalo em Belgravia”, do segundo ano da série. Assista e saiba o porquê.