sábado, 26 de setembro de 2015

Veja o filme, vá à exposição: Mr Turner merece

Por Vilma Pavani

Vi recentemente pelo Netflix o filme Mr. Turner, sobre o pintor britânico William Turner (1774 - 1851), filho de um barbeiro e fabricante de perucas e cuja mãe era de uma família de açougueiros. Ele desenhava desde adolescente e seu talento foi reconhecido rapidamente. Para muitos, ele é o maior pintor de sua época e o ponto culminante do romantismo, com suas paisagens belíssimas e suas marinhas cheias de luz e cor. Não é a toa que ele nitidamente influenciou os impressionistas. Acho que um dos pontos altos do filme, dirigido por Mike Leigh e com o ator Timothy Spall, é o trabalho primoroso de fotografia e o foco claro do diretor sobre o que fez de Turner um grande pintor. Sem falar que Spall dá um banho de talento. Não, não, esqueçam Peter Pettigrew de Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban (2004), por mais que ele esteja ótimo, também.
Fiquei curiosa sobre uma cena, que não sei se é verdadeira ou não, quando Turner se amarra em um barco sob a tempestade para vê-la de perto. Pode ser liberdade do diretor, mas quando vemos as telas dele, é bem fácil acreditar.
Em seu testamento, Turner legou suas obras à nação, mas exigiu que se construísse um museu para abrigá-las. Se isso não fosse feito em um prazo de dez anos após sua morte, elas deveriam  ser vendidas. Passado mais de um século, nem se construiu o museu nem as obras foram vendidas e os quadros de Turner foram reunidos em um anexo à Tate Gallery, em 1987.
Para quem tem curiosidade em conhecer mais de perto o pintor, ainda dá tempo de ir à Pinacoteca de São Paulo e ver a exposição “A Paisagem na Arte”, com obras da coleção da Tate Galery, que mostra um grande recorte da arte britânica. Além de Turner, estão lá obras de John Constable, Ben Nicholson e Richard Long. A exposição vai até dia 18/10.



 Chuva, vapor e velocidade (1844)





Vilma Pavani é jornalista e morre de inveja de William Turner e de tantos outros pintores que sabem ver o mundo de uma maneira tão especial.

sábado, 12 de setembro de 2015

Matando a saudade dos clássicos

Por Dora Carvalho

Pouco a pouco, filmes clássicos começam a ser adicionados nos serviços de streaming e, nas últimas semanas, o Netflix colocou a disposição dos assinantes algumas pérolas do cinema, como O sol é para todos (1962); A um passo da eternidade (1953); Sindicato de Ladrões (1954); Era uma vez no Oeste (1968); Ladrão de Casaca (1955) e Aconteceu naquela noite (1934).
Quem poderia imaginar há poucos anos que poderíamos assistir em tão boa qualidade e baixo custo filmes tão antigos, sem a necessidade de comprar as caríssimas coleções de clássicos em DVDs ou blu-ray? Dá até para fazer uma maratona de clássicos, começando pelos já citados e passando pelos trabalhos de diretores como Alfred Hitchcock, admirando a beleza dos galãs de antigamente, como James Stewart, James Dean, Carry Grant e ver a cara de bad boy de Clint Eastwood nos filmes de faroeste (ótimos para uma sessão da tarde!).
Por falar em faroeste, como não amar John Wayne? Ele e James Stewart estão em O homem que matou o facínora (1962) – considerado um dos melhores filmes de faroeste de todos os tempos.
E de 1959 tem o delicioso Quanto mais quente melhor, com Marylin Monroe e a dupla Tony Curtis e Jack Lemmon.
Para fechar a sessão nostalgia, que tal Butch Cassidy, com Paul Newmann e Robert Redford? Saudades dos tempos que assistíamos os filmes só por causa dos atores e não perdíamos um novo trabalho de um bom diretor. Em tempos de enxurradas de filmes de super-heróis e poucos lançamentos, é hora de voltar para os clássicos seja na lindíssima fotografia em preto e branco ou nas películas de colorido artificial. O que vale é resgatar o glamour de época ou a delícia de uma boa história.















sábado, 5 de setembro de 2015

Feriadão de leve: três dias, três dicas

Por Dora Carvalho

O inverno dá os últimos suspiros neste feriadão de 7 de setembro em São Paulo e o que resta para quem não encarou a estrada e prefere a duplinha “sofa+cama” nos três dias que seguem é aproveitar a preguiça. O cinema está sem lançamentos bombásticos, então, é hora de ver aqueles lançamentos em DVD do primeiro semestre que foram esquecidos, nublados pelos sucesso dos blockbusters e dos premiados do Oscar.

A cem passos de um sonho

Como frio, preguiça e feriadão combinam com comida, vale destacar o longa "A cem passos de um sonho" (2014), dirigido por Lasse Hallstrom. Gosto muito desse diretor, por sempre flertar com o fantástico em seus trabalhos. Quem se esquece do delicioso Chocolate (2000)? Hallstrom volta dirigir uma comédia sobre comida, em que a culinária francesa flerta com a indiana, em uma história simples, cuja principal qualidade é a inusitada trama sobre uma briga entre a dona de um restaurante estrelado no Guia Michelin de gastronomia e a família proprietária de uma casa de iguarias indianas. Prepare-se para terminar o filme querendo ir ao estabelecimento típico da Índia mais próximo da sua casa... Ou unir com a leitura do livro “A viagem de cem passos”, de Richard C. Morais, do qual é baseado o filme.



Questão de tempo

Uma combinação perfeita para mim: comédias inglesas e enredos sobre viagem no tempo. O filme Questão de Tempo (2013), dirigido por Richard Curtis, que assinou os roteiros dos deliciosos Simplesmente Amor (2003) e Bridget Jones: no limite da razão (2004), une as duas coisas em uma história sobre um jovem que descobre ter herdado a capacidade de voltar no tempo. Empolgado no início, Tim, vivido pelo Domnhall Gleeson (Harry Potter e as relíquias da morte/2010), aproveita o dom para conquistar Mary (Rachel McAdams). Mas logo descobre que um detalhe alterado no passado pode ter graves consequências. Filme leve e inteligente que deixa no ar: se pudéssemos voltar no tempo, será que valeria à pena mesmo mudar o curso dos acontecimentos?






 Uma promessa

Comida, comédia e agora romance. O filme “Uma promessa” (2014) completa a trilogia de dicas para o feriadão. Dirigido por Patrice Leconte (A pequena loja de suicídios/2012), é uma adaptação para o conto “Carta para uma desconhecida”, do escritor austríaco Stefan Sweig.  Para quem está com saudades de ver romances de época bem dirigidos, fotografia esplendorosa e linda trilha sonora, o drama é imperdível. O time de atores também ajuda com Rebecca Hall (Transcendence/2014)), Alan Rickman (o eterno professor Snape da saga Harry Potter) e Richard Madden (Guerra dos Tronos). O enredo começa na Alemanha de 1912, com a história de um jovem diplomata que vai trabalhar como assistente pessoal de um rico dono de uma siderúrgica. O contexto é a Primeira Guerra Mundial, que vai mudar drasticamente as vidas dos personagens. A trama se desenrola como se estívessemos lendo um livro, aliás, essa é a principal qualidade do filme, que reforça a sensibilidade com que Leconte conduz o longa.




A cem passos de um sonho (2014) - 2h03
Direção: Lasse Hallstrom

Questão de Tempo (2013) - 2h03
Direção: Richard Curtis

Uma Promessa (2014) - 1h34
Direção: Patrice Leconte