Por Vilma Pavani
Vi recentemente pelo Netflix o filme Mr. Turner, sobre o pintor
britânico William Turner (1774 -
1851), filho de um barbeiro e fabricante de perucas e cuja mãe era de uma
família de açougueiros. Ele desenhava desde adolescente e seu talento foi
reconhecido rapidamente. Para muitos, ele é o maior pintor de sua época e o
ponto culminante do romantismo, com suas paisagens belíssimas e suas marinhas
cheias de luz e cor. Não é a toa que ele nitidamente influenciou os
impressionistas. Acho que um dos pontos altos do filme, dirigido por Mike Leigh
e com o ator Timothy Spall, é o trabalho primoroso de fotografia e o foco claro
do diretor sobre o que fez de Turner um grande pintor. Sem falar que Spall
dá um banho de talento. Não, não, esqueçam Peter Pettigrew de Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban (2004),
por mais que ele esteja ótimo, também.
Fiquei curiosa sobre uma cena, que não sei se é
verdadeira ou não, quando Turner se amarra em um barco sob a tempestade para
vê-la de perto. Pode ser liberdade do diretor, mas quando vemos as telas dele,
é bem fácil acreditar.
Em seu testamento, Turner legou suas obras à nação, mas exigiu
que se construísse um museu para abrigá-las. Se isso não fosse feito em um
prazo de dez anos após sua morte, elas deveriam ser vendidas.
Passado mais de um século, nem se construiu o museu nem as obras foram vendidas
e os quadros de Turner foram reunidos em um anexo à Tate Gallery, em 1987.
Para quem tem curiosidade em conhecer mais de
perto o pintor, ainda dá tempo de ir à Pinacoteca de São Paulo e ver a
exposição “A Paisagem na Arte”, com obras da coleção da Tate Galery, que mostra
um grande recorte da arte britânica. Além de Turner, estão lá obras de John
Constable, Ben Nicholson e Richard Long. A exposição vai até dia 18/10.
Vilma Pavani é jornalista
e morre de inveja de William Turner e de tantos outros pintores que sabem ver o
mundo de uma maneira tão especial.